sábado, 23 de setembro de 2023

Valorização da UCC - Comunicado.

 1. Volvida mais de uma década da reconfiguração dos Cuidados de Saúde Primários (CSP) será altura de reforçar os mesmos com a multidisciplinaridade necessária para a resolução das necessidades da população. Assim, reduzir a imagem única dos CSP à realidade das Unidades de Saúde Familiar (USF) não corresponde à verdade, nem às necessidades encontradas no terreno;


2. As Unidades de Cuidados na Comunidade (UCC) têm um despacho publicado há mais de uma década, tendo vindo, há diversos anos junto da estrutura do Ministério da Saúde e mais recentemente junto da Direção Executiva do SNS, a defender a revisão do enquadramento legislativo, havendo uma proposta concreta para a publicação de um decreto-lei;

 

3. Atualmente existem 279 UCC constituídas por 3291 profissionais. O índice desempenho global médio das UCC no final de 2022 foi de 75,25, superior ao das USF-A. Temos várias unidades em processo de certificação ACSA, pelo que a quantidade e qualidade dos cuidados prestados é inegável. Garantimos diariamente, na casa dos utentes, 5776 vagas da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados;


3. A publicação da revisão do decreto-lei das USF perpetua as desigualdades existentes no terreno, uma vez que se perdeu a oportunidade histórica de elaborar um modelo remuneratório único baseado no desempenho e na obtenção de resultados em saúde, que reconhecesse a importância e o trabalho efetuado por todas as unidades dos CSP;


4. Somos a favor de uma pluralidade de análise e discussão que olhe para os CSP como produto de diversos atores, cujo interesse máximo é a prestação de cuidados de saúde integrados e de qualidade voltados para a inequívoca resolução/mitigação das necessidades da população;


5. Solicitamos assim que sejam reconhecidos a todos os profissionais das unidades funcionais dos CSP, e em particular às UCC, os mesmos direitos e oportunidades aos profissionais das USF;

 

6. A pandemia SARS-CoV-2 veio provar de forma inequívoca que os CSP são constituídos por uma pluralidade de respostas que são necessárias, efetivas e significativas. Isto não deveria ser esquecido;

 

7. Insistir nos erros do passado irá contribuir para uma maior insatisfação e ao êxodo dos recursos humanos maioritariamente diferenciados, das UCC,  pondo em risco a prestação de cuidados que durante anos, perante muitas dificuldades, sempre foi assegurada à população mais vulnerável: desde as grávidas, as puérperas, as crianças e jovens com necessidades de saúde especiais, comunidade escolar, as pessoas beneficiárias de rendimento social de inserção, cuidadores e pessoas com dependência física e mental, entre outros;

 

8. Esperamos ser de uma vez por todas considerados! Solicitamos ao Ministério da Saúde e à Direção Executiva do SNS a disponibilidade para resolver uma desigualdade gritante de tratamento e de reconhecimento.

 

 

Pel’a Direção da AUCC

José Lima

Presidente da Direção